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Uma homenagem ao maior jornalista e blogueiro de Tapera.
segunda-feira, 7 de janeiro de 2013
DE JABOR PARA OS GAÚCHOS

O Rio Grande do Sul é como aquele filho que sai muito diferente do resto da família. A gente gosta, mas estranha. O Rio Grande do Sul entrou tarde no mapa do Brasil . Até o começo do século XIX, espanhóis e portugueses ainda se esfolavam para saber quem era o dono da terra gaúcha. Talvez por ter chegado depois, o Estado ficou com um jeito diferente de ser.
Começa que diverge no clima: um Brasil onde faz frio e venta, com pinheiros em vez de coqueiros, é tão fora do padrão quanto um Canadá que fosse à praia. Depois, tem a mania de tocar sanfona, que lá no RS chamam de gaita, e de tomar mate em vez de café. Mas o mais original de tudo é a personalidade forte do gaúcho. A gente rigorosa do sul não sabe nada do riso fácil e da fala mansa dos brasileiros do litoral, como cariocas e baianos. Em lugar do calorzinho da praia, o gaúcho tem o vazio e o silêncio do pampa, que precisou ser conquistado à unha dos espanhóis.
Há quem interprete que foi o desamparo diante desses abismos horizontais de espaço que gerou, como reação, o famoso temperamento belicoso dos sulinos.
É uma teoria - mas conta com o precioso aval de um certo Analista de Bagé, personagem de Luis Fernando Veríssimo que recebia seus pacientes de bombacha e esporas, berrando: "Mas que frescura é essa de neurose, tchê?"
Todo gaúcho ama sua terra acima de tudo e está sempre a postos para defendê- la. Mesmo que tenha de pagar o preço em sangue e luta.
Gaúcho que se preze já nasce montado no bagual (cavalo bravo). E, antes de trocar os dentes de leite, já é especialista em dar tiros de laço. Ou seja, saber laçar novilhos à moda gaúcha, que é diferente da jeito americano, porque laço é de couro trançado em vez de corda, e o tamanho da laçada, ou armada, é bem maior, com oito metros de diâmetro, em vez de dois ou três.
Mas por baixo do poncho bate um coração capaz de se emocionar até as lágrimas em uma reunião de um Centro de Tradições Gaúchas, o CTG, criados para preservar os usos e costumes locais. Neles, os durões se derretem: cantam, dançam e até declamam versinhos em honra da garrucha, da erva-mate e outros gauchismos. Um dos poemas prediletos é "Chimarrão", do tradicionalista Glauco Saraiva, que tem estrofes como: "E a cuia, seio moreno/que passa de mão em mão/traduz no meu chimarrão/a velha hospitalidade da gente do meu rincão." (bem, tirando o machismo do seio moreno, passando de mão em mão, até que é bonito).
Esse regionalismo exacerbado costuma criar problemas de imagem para os gaúchos, sempre acusados de se sentir superiores ao resto do País.
Não é verdade - mas poderia ser, a julgar por alguns dados e estatísticas.
O Rio Grande do Sul é possuidor do melhor índice de desenvolvimento humano do Brasil, de acordo com a ONU, do menor índice de analfabetismo do País, segundo o IBGE e o da população mais longeva da América Latina, (tendo Veranópolis a terceira cidade do mundo em longevidade), segundo a Organização Mundial da Saúde. E ainda tem as mulheres mais bonitas do País, segundo a Agência Ford Models. (eu já sabia!!! rss) Além do gaúcho, chamado de machista", qual outro povo que valoriza a mulher a ponto de chamá-la de prenda (que quer dizer algo de muito valor)?
Macanudo, tchê. Ou, como se diz em outra praças: "legal às pampas", uma expressão que, por sinal, veio de lá.
Aos meus amigos gaúchos e não gaúchos, um forte abraço!
Arnaldo Jabor - Os Gaúchos

Postado por Leonardo Mayer as 7.1.13 e tem 9 comentarios
9 Comments:
Anonymous Anônimo disse...

Tem esse texto também, Leonardo, que ele escreve sobre os gaúchos. ARNALDO JABOR sobre o Rio Grande do Sul - Vale a pena ler!

“O Brasil tem milhões de brasileiros que gastam sua energia distribuindo ressentimentos passivos. Olham o escândalo na televisão e exclamam ’que horror’.
Sabem do roubo do político e falam ’que vergonha’. Vêem a fila de aposentados ao sol e comentam ’que absurdo’. Assistem a uma quase pornografia no programa dominical de televisão e dizem ’que baixaria’. Assustam-se com os ataques dos criminosos e choram ’que medo’. E pronto!
Pois acho que precisamos de uma transição ‘neste país’. Do ressentimento passivo à participação ativa’. Pois recentemente estive em Porto Alegre, onde pude apreciar atitudes com as quais não estou acostumado, paulista/paulistano que sou.
Um regionalismo que simplesmente não existe em São Paulo que, sendo de todos, não é de ninguém. No Rio Grande do Sul, palestrando num evento do Sindirádio, uma surpresa: abriram com o Hino Nacional. Todos em pé, cantando. Em seguida, o apresentador anunciou o Hino do Estado do Rio Grande do Sul.
Fiquei curioso. Como seria o hino? Começa a tocar e, para minha surpresa,
todo mundo cantando a letra!
‘Como a aurora precursora /
do farol da divindade, /
foi o vinte de setembro /
o precursor da liberdade ‘
Em seguida um casal, sentado do meu lado, prepara um chimarrão. Com garrafa de água quente e tudo. E oferece aos que estão em volta. Durante o evento, a cuia passa de mão em mão, até para mim eles oferecem. E eu fico pasmo. Todos colocando a boca na bomba, mesmo pessoas que não se conhecem. Aquilo cria um espírito de comunidade ao qual eu, paulista, não estou acostumado.
Desde que saí de Bauru, nos anos setenta, não sei mais o que é ‘comunidade’. Fiquei imaginando quem é que sabe cantar o hino de São Paulo. Aliás, você sabia que São Paulo tem hino? Pois é…Foi então que me deu um estalo. Sabe como é que os ‘ressentimentos passivos’ se transformarão em participação ativa?
De onde virá o grito de ‘basta’ contra os escândalos, a corrupção e o deboche que tomaram conta do Brasil? De São Paulo é que não será.
Esse grito exige consciência coletiva, algo que há muito não existe em São Paulo.
Os paulistas perderam a capacidade de mobilização. Não têm mais interesse por sair às ruas contra a corrupção. São Paulo é um grande campo de refugiados, sem personalidade, sem cultura própria, sem ‘liga’. Cada um por si e o todo que se dane. E isso é até compreensível numa cidade com 12 milhões de habitantes.
Penso que o grito – se vier – só poderá partir das comunidades que ainda têm essa ‘liga’. A mesma que eu vi em Porto Alegre.
Algo me diz que mais uma vez os gaúchos é que levantarão a bandeira. Que buscarão em suas raízes a indignação que não se encontra mais em São Paulo.
Que venham, pois. Com orgulho me juntarei a eles.
De minha parte, eu acrescentaria, ainda:
‘…Sirvam nossas façanhas, de modelo a toda terra…’
Arnaldo Jabor

7 de janeiro de 2013 às 19:40  
Anonymous Anônimo disse...

Espero que alguem que tenha voz, dignidade e poder faca uma homenagem em nome de nos, gaúchos, a este paulista que vê que nos NAO queremos ser mais do que ninguem, queremos simplesmente sermos respeitados como respeitamos a todos.

7 de janeiro de 2013 às 20:48  
Anonymous Anônimo disse...

Quse que diariamente, rumo ao meu trabalho, no carro escuto a CBN e a crônica do Arnaldo Jabor e,a muito tempo tiro o chapéu para ele.Agora mais uma vez...

7 de janeiro de 2013 às 21:52  
Anonymous Anônimo disse...

bah, este texto não é do jabor, rola nos e-mails gaudérios a mais de tempo que a famigerada Revolução farropilha!!
ta ai o link, do estadão, por então com fonte! http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,ha-um-sub-eu-rolando-na-internet,190734,0.htm

Escuto todo dia este cara falar na CBN, e digo, não dá para concordar com nada que ele fala. É só bobagem, 100% dá para jogar fora.

Sinto pena de gente que leva a sério este cara e diz que ele realmente é bom porque fala a verdade!

Vamo acordar gente!

7 de janeiro de 2013 às 23:05  
Anonymous Anônimo disse...

Quando ouço o hino riograndense na abertura dos jogos no brasileirão no beira rio me emociono cada vez. Sou mais mais um gaúcho espalhado por este Brasil tão generoso e acolhedor, mas muito mal tratado.
Parabéns Arnaldo Jabor você é o cara :)

7 de janeiro de 2013 às 23:26  
Anonymous Anônimo disse...

Eu parei alguns minutos olhando a opinião das 23:05, procurando entender se era sério ou brincadeira. Ainda não cheguei a uma conclusão, mas acho que é deboche ou ironia debochada. Mas se por acaso sua manifestação for séria,devo concordar em parte com ele.Sentir "pena de gente que leva a sério este cara por ele falar a verdade", mostra o verdadeiro estágio que nos encontramos. Os valores, a ética e o caráter, estes, ficaram em último plano e esta cegueira ideológica está impregnando boa parte da população.Certamente, para ele, os ídolos de credibilidade devem ser Marco Aurélio Garcia, José Genoíno e José Dirceu.E provavelmente, caso Hugo Chávez vier a falecer, vestirá roupas de luto, mas ficará insensível e mudo, em não se lembrar, de pelo menos, visitar os velhinh(o)(a)s do asilo por uma tarde.Cada povo tem o governo que merece. Sorte que o Brasil ainda tem uma imprensa livre, caso contrário, manifestações do tipo das 23:05, seriam matérias obrigatórias nos jornais da Argentina, cujo país esté cerceando a liberdade de imprensa.Pensamentos e governos totalitários não gostam da diversidade de opiniões, e, especialmente, quando tratam de procurar levantar as "viseiras" do pensamento único.Alexandre Garcia e Arnaldo Jabour fazem muito mal ao totalitarismo civil, travestido de democracia consentida.

8 de janeiro de 2013 às 11:13  
Anonymous Anônimo disse...

Infelizmente a cegueira ideológica deste comentarista das 11:13 não pode enumerar "ídolos de credibilidade" fora do PT. Cego são os outros, sempre...

Os comentários do Jabour, são fracos, e na totalidade dos pensamentos são de bolinhas levantadas para falar mal dos governos, qualquer governo, e de BBBs... etc... e outras futilidades.

Mas ele é assim, é um palhaço louco, e a intençao dele é ver o circo pegar fogo.

O Alexandre é um oportunista, porta voz da ditadura, agora só espera a aposentadoria, dando pitacos com voz de galante indignado.

Cada povo tem o governo que merece,concordo, e a gente teve a YEDA!!!

8 de janeiro de 2013 às 13:57  
Anonymous Anônimo disse...

Pois bem, quem mantém ídolos de credibilidade é conduzido e não tem independência de raciocínio. O debate está centrado na isenção e não na idolatria. Imprensa livre não está atrelada a porta-vozes do governo.Quanto`ao desempenho da ex-governadora, aqueles que não enxergam o trabalho mais oneroso que existe num governante, o de sanear dívidas e respeitar orçamentos, como a Yeda fez, logicamente, não dá votos.Concordo novamente com o articulista das 13:57, quando diz que o povo tem o governo que merece. Essa verdade foi corrobarada pela decisão sábia da população taperense em reeleger Irineu Orth. Certamente, em relação a isso, o anônimo das 13:57 deve ter a mesma opinião, pois além de discordar educamente, deve se tratar de pessoa de bom senso e enxergar o que toda a região reconhece no prefeito reeleito.

8 de janeiro de 2013 às 19:48  
Anonymous Anônimo disse...

O cara, digo assim, cara que se posicionou contra o Jabur NAO e gaúcho. Se nasceu aqui veio por outro lugar...No Rio Grande NAO tem lugar para traidores, nem das nossas tradições, nem do nosso Estado. Quero crer que NAO e nosso conterrâneo, se e nao merece. Bem, se for de qualquer outro Estado irmão, nossa compreensão e nosso convite para que conheça direito o povo gaúcho. Vai ter grandes surpresas: e um povo humilde e trabalhador. Tem suas origens num mesclado de europeu, africano e índio. Surgiu aqui pelo trabalho e NAO contente ainda desbrava o Brasil, iniciando no oeste catarinense, paranaense, subindo para o centro oeste e norte do Pais. Estes somos nos, gaúchos, brasileiros, amantes da ordem e do progresso.

8 de janeiro de 2013 às 22:11  

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